domingo, 22 de novembro de 2015

Hidra


   Pensando aqui na prisão do casal que mantinha no ar o Mega Filmes e se isso irá mudar as práticas de download na rede. Acredito que não. Irão punir um zé ruela aqui e outro ali mas a tendência é o crescimento. 
   Lembro quando, por exemplo, o download de músicas começou aqui na internet através do Napster. Foi um quiprocó dos infernos e nitidamente me vem à lembrança o Metallica processando diversos usuários e a empresa desenvolvedora do software... Pois é né... Então... Daquele tempo em diante foi aberta a caixa de Pandora, o verdadeiro inferno de quem faturava às custas dos artistas que dependiam de uma gravadora pra dar projeção aos seus trabalhos. Hoje os padrinhos e as caixinhas fechadas que impulsionavam artistas ao sucesso ou ao fracasso já não são mais prioridades. 
   Embora seja uma mídia bem mais complexa o cinema deverá seguir pelo mesmo caminho com muita gente esbravejando contra o não pagamento de direitos autorais, de exibição e outras coisas. Não adianta mais ser antagonista. O "estrago" já foi feito. A internet criou uma gigantesca e indomável demanda por downloads e mesmo que um ou outro site seja extinto a própria rede age como a Hidra: Corta-se uma cabeça, nascem duas. Enfrente o monstro e seja engolido por ele. 
   O cinema, assim como a música, irá arranjar uma maneira de canalizar recursos e se alinhar com o passar do tempo a esta nova ferramenta. Aliás, a mais democrática que já se viu até os dias de hoje.     Não é mais válido discutir sobre o viés legal da coisa toda. Quem está certo? Os que produzem e exigem seus direitos? Pode até ser, e eu compreendo, mas o fato é: Os downloads se consolidaram e a necessidade já foi criada. Quem contesta nada mais pode fazer pra conter essa expansão e só lhes resta encontrar maneiras de faturar uma grana sendo parceiro da rede através de exibição de contratos publicitários ou qualquer outro caminho. 
   Onde houver quem consuma haverá quem disponibilize independentemente de qualquer princípio ético, princípio este que aliás a internet conseguiu relativizar por ampliar o mundo intelectual de bilhões de pessoas com conhecimentos até antes dela muito restritos. 
   A legislação do mundo analógico, da época do papel não tem potencial pra coibir efetivamente essa nova prática social. Na minha visão é uma galera que está presenciando a transição dos costumes e resiste a eles por seus interesses. 
   Daqui pra frente é fato consumado: A lei não irá mudar a internet. A internet irá mudar a lei.

Nenhum comentário: