quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

John Ronald Reuel Tolkien

"Três anéis para os Reis Elfos debaixo do céu, Sete para os Senhores dos Anões nos seus palácios de pedra, Nove para os Homens Mortais condenados a morrer,Um para o Senhor das Trevas no seu negro torno Na Terra de Mordor onde moram as Sombras. Um anel para todos dominar, um anel para os encontrar, Um anel para a todos prender e nas trevas os reter Na terra de Mordor onde moram as sombras"







NAS RUÍNAS DE MORIA (REINO DOS ANÕES):






Frodo: há alguma coisa lá embaixo.


Gandalf: É Gollum. Ele está nos seguindo ha três dias. Ele odeia e ama o Anel assim como odeia e ama a si mesmo. Ele jamais deixará de precisar dele.


Frodo: Pena que Bilbo não o matou quando teve a oportunidade...


Gandalf: "Pena?" (...) Foi justamente a pena que parou a mão de Bilbo. (...) Muitos que vivem merecem morrer, alguns que morrem merecem viver. Você pode lhes dar vida Frodo? (...) Então não seja tão ávido para julgar e condenar à morte. Mesmo os muito sábios não conseguem enxergar tudo. Meu coração diz que Gollum tem um papel a desempenhar, para o bem ou para o mal antes de isso acabar (...).

OSGILIATH:





Frodo: Não consigo fazer isso Sam.


Sam: Eu sei (...) Está errado (...) Na verdade nem deveríamos estar aqui. Mas estamos. É como nas grandes histórias Sr. Frodo, as que tinham mesmo importância (...) Eram cheias de escuridão e perigo e, as vezes você não queria saber o fim (...) Porque como podiam ter um final feliz? Como podia voltar o mundo a ser o que era depois de tanto mal? Mas no fim, é só uma coisa passageira, essa sombra. Até a escuridão tem de passar. Um novo dia virá (...) E quando o sol brilhar, brilhará ainda mais forte. Eram essas as histórias que ficavam na lembrança, que significavam algo, mesmo que você fosse pequeno demais para entender porquê. Mas acho Sr. Frodo, que eu entendo sim, agora eu sei. As pessoas destas histórias tinham várias oportunidades para voltar atrás. Mas não voltavam. Elas seguiam em frente porque tinham no que se agarrar.

Frodo: E em que nos agarramos Sam?


Sam: No bem que existe nesse mundo Sr. Frodo. Pelo qual vale a pena lutar.

O LONGÍNQUO CAMPO VERDE:




Pippin: Não pensei que fosse acabar assim.


Gandalf: Acabar? (...) Não, a jornada não acaba aqui. A morte é só mais um caminho, um que todos devemos seguir. (...) Ergue-se a cortina de chuva cinzenta deste mundo e tudo se transforma em vidro prateado (...) E então, você vê (...).


Pippin: O que se vê?


Gandalf: Praias brancas (...) E além (...) um longínquo campo verde sob um rápido nascer do sol.


Pippin: É, não é tão ruim (...).


Gandalf: Não. Não é.
DIANTE DOS PORTÕES NEGROS:














Aragorn: Mantenham seus postos! (...) Filhos de Gondor, de Rohan, meus irmãos! (...) Vejo em seus olhos o mesmo medo que antes me tirava a coragem. Talvez chegue um dia em que faltará coragem aos homens, em que abandonaremos nossos amigos e trairemos a amizade. Mas não é hoje este dia. Uma hora de lobos e escudos destruídos em que a era dos homens chegará a um fim catastrófico. Mas não é hoje este dia. Hoje nós lutaremos. Por tudo o que lhes é caro nesta boa terra, eu os conclamo a resistir, homens do oeste!

"Um mago não chega antes e nem depois. chega exatamente quando quer." (Gandalf)
Essa citação é de muito bom tom para John Ronald Reuel Tolkien com o seu "Senhor dos Anéis", que meticulosamente moldou elementos inspirados pela literatura e mitologia, criando um universo imaginário rico em detalhes, capaz de deixar qualquer leitor boquiaberto. Uma vez disse Steven Spielberg: "Não se pode imaginar o que não existe". Achava antes que essa frase era um tanto non sense, mas depois de ler o SDA, compreendi bem o que ele pretendia dizer.
Interessante observar o cuidado com o qual norteou seus livros, e nisto incluo tambem "O Hobbit" (escrito em 1937) que, por um capricho do destino acabou sendo justamente uma introdução ao SDA. Ok, mas como isso se deu? Os fãs clamavam por mais uma aventura. E Tolkien se sentia inclinado a produzir mais uma obra de sucesso. Estava disposto a elaborar uma aventura grandiosa que envolvesse uma batalha contra um grande mal. A princípio esboçou um enredo em que Bilbo saía em busca de mais tesouros. Mas pensou bem e chegou à conclusão de que não criara um universo - e idiomas de alguns seres deste - para que o aventureiro habitante do condado saísse em mais uma odisséia apenas por causa de dinheiro. De onde sairia um gancho para um inimigo considerável? Foi aí que lhe surgiu uma grande idéia: Em seu livro anterior aparece um anel mágico encontrado por Bilbo em uma caverna (o anel que pertencia a Gollum), mas o adereço não tem muita relevância na história. Claro como água, eis o pulo do gato!
Tornou-se claro o ponto de partida para a próxima aventura: O aparentemente inofensivo anel mágico passa a ser o poderoso Um Anel.Tolkien partiu da idéia de que que ele possuía um grande mal em si. Um grande inimigo "mais poderoso que a força de todos os anões juntos" tambem é citado no "Hobbit", mas sem muitos detalhes. As peças se juntaram: Este inimigo tinha parte de sua força contida no anel. Se o anel fosse destruído, ambos cairiam. Bilbo não sairia mais para enriquecer, mas para livrar-se de um grande fardo.
Mas... Afinal de contas, porque coube a Frodo e não a Bilbo o porte do Anel? Tolkien não aceitava a idéia de Bilbo ser o portador do Anel, o achava travesso demais para tal responsabilidade. Pensou em colocar um suposto filho até cair numa contradição: Como explicar aos fãs por onde seu filho andava na época do primeiro livro? E como faria para justificar de forma convincente uma esposa que nunca havia sido citada no livro anterior ao SDA? Assim, encaixou seu sobrinho Frodo na jornada. Uma outra questão que paira no ar está relacionada ao fato de que não é Aragorn (nascido um líder) quem carrega o anel e sim um tímido e inexpressivo Frodo do condado. Atraía mais a Tolkien um processo de enobrecimento de seu pernonagem principal. Não queria alguem que já tivesse uma bravura natural. Era bem mais interessante uma personagem que fosse descobrindo sua força interior e sua coragem num processo doloroso que é ser aquele que carrega o grande mal (ser o portador do Anel é estar sozinho). Isso explica tambem o foco dado a Sam no fim da trilogia.
Tolkien se baseou em antigas lendas, pois agora existe um senhor e um anel. E onde podemos encontrar anéis mágicos nas antigas lendas? De acordo com o folclore Judaico, existe uma sobre um anel que é dado ao Rei Salomão pelo arcanjo Miguel para aprisionar gênios malignos. No folclore nórdico, o mais poderoso dos deuses - Odin - possui seu anel mágico conhecido por "Draupnir" (gotejador). Esse anel produz oito anéis novos a cada nove dias e estes são oferecidos aos homens. Desta maneira Odin compra a lealdade e controla reis. Uma outra lenda nórdica que se junta a esta de Odin para a fusão do Um Anel do SDA fala a respeito do anão "Andvari", que tem seu anel mágico roubado. A partir de então, amaldiçoa quem o desejar.
Parafraseando Tolkien (referindo-se ao Um Anel): "Ele cobra a sua penalidade. Ou a gente o perde, ou a si mesmo." Dois poemas tambem foram de grande serventia para o escritor na criação da sua Terra-Média: "Kalevala" e "Beowulf". O primeiro, uma coletânea de contos folclóricos editada em meados de 1830 por Elias Lonnrot. "Kalevala" significa "distrito de Kaleva". Kaleva teria sido o primeiro habitante e o primeiro herói finlandês. tambem há em Kalevala um objeto mágico que tem relação com o anel: um moinho que produz quantidades infinitas de trigo, sal e dinheiro, gerando enorme riqueza e poder. Sua criação teria sido difícil até para "Illmarinen", que forjou os céus. Já o segundo, escrito no antigo inglês anglo-saxão, onde o rei que dá nome ao título luta contra monstros numa história recheada de bravura. Aliás, o termo que identifica os repugnantes Orcs da Terra-Média vem de "Orcneas", um termo designado para "monstros" em Beowulf. Ah, antes que eu me esqueça: o nome "Frodo" é citado neste poema. Já a palavra "Ent" deriva de "Enta" - um antigo termo inglês para "gigante".
Já que falei de "Ent" (o pastor de árvores do SDA), percebe-se que Tolkien possuía um profundo amor pela natureza, por tudo o que é verde. Seria isso parte da personalidade do autor aplicada na história? Com certeza. Ele odiava os danos causados pela revolução industrial - iniciada mais ou menos à época do seu nascimento. Quando tinha mais ou menos oito anos de idade, o pequeno J.R.R. Tolkien mudou-se para uma região rural onde desfrutava de uma paisagem verde ao redor da casa. Essa fase tão rica na vida daquele garoto foi estupidamente interrompida com a morte de sua mãe aos doze anos (Tolkien tornou-se órfão desde então, pois já havia perdido o pai). A partir daí ele passa a morar com uma tia em Birmingham (uma região industrializada da Inglaterra).
De acordo com um biógrafo ele nutre um "amor pela lembrança dos campos de sua juventude intimamente ligado com seu amor pela memória da mãe". Galadriel tambem resgata isso em Tolkien: Possui uma aura materna e todos os seres da Terra-Média, por mais rudes que sejam, se dirigem carinhosamente a ela. Há algo semelhante a Maria, mãe de Jesus, e Maria Madalena, a suposta prostituta que se arrepende. Galadriel não tira o Anel de Frodo apesar de ter tido a oportunidade, resistiu a tentação. Atitude heróica: Uma vez que Frodo o destrua, seu próprio anel e o equilíbrio de Lothlórien como o lar dos Elfos serão anulados. E uma vez que Frodo não o destrua, que ele caia nas mãos do inimigo, os danos seriam ainda piores.
Além dessas características, esta personagem caracteriza uma série de influências trazidas, como não deixaria de ser, das antigas deusas-mães (chamadas "mães-terras"). Seu papel é o de sustentar o lar dos Elfos. As deusas-mães tem relação com a criação e nutrição da vida. Os egícpcios veneram Ísis, os assírios, Ishtar, os gregos adoravam Gaia, Hera e Deméter, os romanos por sua vez, honravam Maia e Ceres. Estas lendas estão marcadas em civilizações de todo o planeta. Elfos e anões tambem são referência de contos praticamente esquecidos: suas desavenças - repetidas no SDA - derivam de lendas nórdicas, onde os anões são caracterizados como "desconfiados, possessivos com o próprio ouro. Andam somente a noite e evitam o sol." Já os elfos "amam a luz, são bem intencionados e geralmente aparecem como crianças belas e amáveis." Os anões invejam os elfos e tambem desprezam o que lhes parece uma vida fácil.
Na lenda criada por Tolkien os anões não são os preferidos de "Illúvatar" (o deus da Terra-média): eles foram criados por um dos "Valar" (espíritos angélicos). Isso enfurece Illúvatar, que planejava fazer os elfos. Ele permite que os anões vivam, mas deverão permanecer sob a terra até a chegada dos elfos. ***Aí está tambem uma grande vantagem da idéia do Um Anel: diante de um perigo tão grande, os desentendimentos entre estas duas raças torna-se insignificante.
Há religião no SDA? Muita gente se pergunta sobre isso porque no enredo quase não tem orações e nem rituais religiosos. De acordo com Tolkien: "É uma obra fundamentalmente religiosa e católica". Mas então porque frodo e os demais personagens não pedem ajuda a Deus, por exemplo? Na verdade Tolkien não queria que o livro falasse de religião, mas que a mostrasse. Dois bons exemplos estão em Frodo: quando ele é misericordioso com Gollum, mesmo sendo tentado a agir de maneira oposta, mostra a crença de Tolkien na compaixão e no perdão. Da mesma forma quando Frodo segue em direção à montanha da perdição apesar de uma série de tormentos, mostra a confiança de Tolkien num plano divino.
Até nos Orcs os princípios de Tolkien podem ser encontrados neste contexto: Sauron ousa uma criação e acaba deformando algo criado por Deus (Illúvatar). Estes seres são repugnantes e grosseiros porque sua criação violou uma regra primordial: Illúvatar, somente ele, tem o poder de dar a vida aos seres.
Vale dizer tambem que Aragorn foi inspirado em parte nas lendas do Rei Arthur e que Gandalf, pegou emprestadas algumas características de Merlin e Odin.
Acima de tudo, "O Senhor dos Anéis" é feito de material humano. É totalmente trançado por princípios de amizade, fé, companheirismo, bravura e enobrecimento. Uma bela história. Pra sempre.

3 comentários:

Anônimo disse...

domingo nostalgico esse meu....rs..achei casualemnte seu blog e o que acho?algumas passagens mais marcantes do Senhor do Aneis..rs.Simplesmente sem sombra de duvida são os que nos remetem a uma reflexão maior..um abraço e visite meu blog..rs quem sabe vc gosta.bj.Parabens pelos posts.

Anônimo disse...

Um domingo de manha salvo por comentarios tao ricos sobre minha série favorita. Fico grato.

sky disse...

fico muito grato por seu blog, de alguma forma isso me emociona e tbm me ajuda.