quinta-feira, 13 de março de 2008

O CÁLICE E A LÂMINA

Adão e Eva pelo pincel de Jan Gossaert, 1508



Tabus e tradições. Quando mais velhos, proibimos os mais jovens de praticar algo já tantas vezes praticado por nós mesmos, com freqüência nas mesmas condições em que já nos vimos envolvidos. Por quantas vezes não omitimos comportamentos passados a fim de nos tornarmos bons conselheiros? "Faça o que eu digo e não o que eu faço" é a ordem do dia. No final das contas um pecado oculto é um pecado meio perdoado.






O sexo sempre foi tapado com peneira. Ele sempre esteve aí na nossa cara. Sempre estará. De prontidão para burlar qualquer lei moral/religiosa. A própria maçã oferecida a Adão por Eva simboliza a sexualidade feminina.






Pecados derivados do sexo são criações da cultura judaico-cristã. Na proporção das normas temos também em crescente proporção a daqueles que não as seguem. Mesmo que não seja às claras e mesmo sujeitos a exclusão do meio dito “normal” (normalidade é apenas uma questão de maioria). Nós, ocidentais, estamos orientados desta maneira desde que nos entendemos por gente. Desde o primeiro momento na nossa cultura o homem foi privado das maravilhas do paraíso por provar daquela maçã proibida por Deus.






No oriente (vide o Kama Sutra, por exemplo), muitas vezes o desenrolar é diferente e o sexo é visto sob outra perspectiva: yin (feminino) e yang (masculino) se completam e o ato sexual está ligado a criação de todas as coisas. De acordo com um livro de cabeceira japonês do século XII:






“A união do masculino e do feminino simboliza a união dos próprios deuses no momento em que o mundo foi criado. Os deuses sorriem quando você faz amor, apreciando o seu prazer! Por esta razão, tanto o marido quanto a esposa devem lutar para agradar um ao outro quando fazem amor. Se ambos estiverem satisfeitos, os deuses estarão também.”






É preciso lembrar que o texto se refere a marido e mulher. A sociedade japonesa é conhecida por ser metódica e formal. Mas consideremos que o ato sexual, envolvendo o par é tratada de forma mais aberta, diferente do contexto pejorativo ocidental.






Do lado de cá muitos expressaram suas idéias desde sempre. Alguns são mais conhecidos que lidos, à bem da verdade, mas merecem crédito por colocarem no papel suas fantasias e seus casos reais. Foi o caso dos italianos Giovanni Casanova e Bocaccio, do irlandês Frank Harris e do americano Frank Miller. Também as mulheres deram a sua contribuição nesta apimentada literatura: Anais Nin e Christina Rosseti. Muitos foram obrigados a escrever nas sombras em virtude dos códigos morais/religiosos de suas respectivas terras de origem.

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