quinta-feira, 28 de agosto de 2008

CLICK



Tudo num clique. Fácil assim. Mas até onde esta comodidade nos alcança? Precisamos estar atentos para não perder a nossa face humana, que aos poucos vai se esvaindo no ritmo do digitar dos teclados. Estamos condicionados a executar comandos de forma repetitiva. Por onde andam as reuniões familiares? Terá sido abolido o abraço? Estão extintos os beijos? Limitamos nossa vida social a um chat. Uma página de relacionamentos nos deixou atados à ela. É a exaltação da vida virtual em detrimento do que realmente importa: nossos contatos humanos, a coisa física.






Deixar esta mecanização nos invadir é temerário. Substituir amores reais por um sentimentalismo alimentado pelas linhas telefônicas e bandas largas, abrir mão do olho no olho, dispensar os risos que rodeiam uma mesa de bar regada a boa prosa... nunca... nenhum website me é tão atrativo.








Atualmente tudo anda à passos largos em aceleração constante. Isto nos tira a sensibilidade, a capacidade de discernir, de elaborar pensamentos consistentes. Muitos já não lêem mais bons livros... a velocidade do cotidiano os despiu da paciência necessária ao prazer da leitura. Até novos verbos surgiram - "deletar" ... "hackear". O internetês reduziu nosso bom e velho idioma a um mero conjunto de abreviações toscas, a emoticons que riem e acenam para o mortal de olhos esbugalhados do lado oposto da tela.







Impessoalidade demais. Mesmo na comunicação eletrônica o já famigerado spam encontra espaço de ação na transmissão de mensagens entre nós. Ou seja, ironicamente onde existe maior interatividade com um número crescente de pessoas, escrevo mensagens sempre repetitivas. Não movo meus neurônios de forma a celebrar esta diversidade. No lugar da interação, me reduzo a três comandos: ctrl + c > ctrl + v > enter... e... click! Lá vai minha mensagem estática a compor a transmissão de dados na rede.






"Tenha um maravilhoso fim de semana", "parabens!", "bom dia"... e por aí vai... As felicitações assumiram um caráter descartável a partir do momento em que já encontro estas expressões montadas sem nenhum trabalho e passíveis de serem enviadas à centenas de milhares de pessoas simultâneamente, acabando com a sensibilidade e o tato com as palavras.






A tecnologia tem suas benesses, mas é lamentável o contra-golpe da evolução: vivemos numa geração pouco afeita a reflexões. Quanto mais tudo vier pronto, mais preguiçosos nos tornaremos. E a desgraça daquele que não pensa é ser governado por aqueles que possuem não o dom, mas a prática do discernimento.



Um comentário:

Unknown disse...

O bom mesmo é usar a tecnologia com moderação ;)